quinta-feira, 6 de setembro de 2012


Entro no amor como em casa
 
 
Regresso devagar ao teu

sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que

não é nada comigo. Distraído percorro

o caminho familiar da saudade,

pequeninas coisas que me prendem,

uma tarde num café, um livro. Devagar

te amo e às vezes depressa,

meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,

regresso devagar a tua casa,

compro um livro, entro no

amor como em casa.
 
 
Manuel António Pina, in Todas as Palavras. Poesia Reunida (1974-2011)

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