quinta-feira, 6 de setembro de 2012



Acorda-me
um rumor de ave.

Talvez seja a tarde

a querer voar.



A levantar do chão

qualquer coisa que vive,

e é como um perdão

que não tive.



Talvez nada.

Ou só um olhar

que na tarde fechada

é ave.



Mas não pode voar.

Eugénio de Andrade, Os Amantes Sem Dinheiro ( 1947-1949), Limiar, pág 92


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