sábado, 27 de outubro de 2012

Teus olhos, Bela Flora, soberanos

Teus olhos, Bela Flora, soberanos
e a brunida prata de teu colo
e esse, inveja do ouro, teu cabelo
e o marfim torneado de tuas mãos

não foram, não, os que, de tão ufanos
quantos uns pensamentos podem sê-lo
fizeram aos meus, sem querer-lo
tão a teus gostos vitoriosos e planos.

Tua alma foi a que venceu a minha
que aspirando com força avantajada
por esse corpo instrumento de vida

se lançou dentro em mim, onde não havia
quem resistisse ao vencedor a entrada
porque teve por glória ser vencida.

Francisco Medrano (1570-1607)

(mudado por mim do castelhano para português)